Salto de paraquedas, hospedagens em hotéis de luxo e viagens ao Rio de Janeiro e Maceió foram feitas pelo tesoureiro do Comando Vermelho (CV), Paulo Witer Farias, conforme investigações da Polícia Civil. "W.T", como é conhecido, é o principal alvo da Operação Apito Final, que desarticulou esquema milionário de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas pela facção criminosa. Em regime semiaberto, que deveria ser cumprido com tornozeleira eletrônica, Paulo viajava pelo Brasil, mas o sinal do equipamento indicava que estava em Cuiabá.
Para "enganar" o sistema, segundo o delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Rafael Scatolon, era um comparsa quem utilizava a tornozeleira de W.T, realizando alguns trajetos para simular a utilização e ativação para "burlar" a fiscalização. "Em todas as viagens que ele fez, a tornozeleira eletrônica indicava que ele estava em Cuiabá. Ele não fazia postagens das viagens, mas fazia postagens simulando que estava em Cuiabá. Através de vários métodos investigativos conseguimos monitorar os trajetos", confirmou Scatolon.
A movimentação criminosa do investigado consta na documentação reunida no inquérito policial que embasou a operação Apito Final, deflagrada no dia 02 de abril. Em dezembro passado, Paulo Witer foi colocado em regime semiaberto, com uso de tornozeleira eletrônica, após cumprir 15 anos, de um total de 51 anos de penas impostas em diversos processos na justiça estadual.
O sistema da tornozeleira eletrônica apontava que ele estava em Cuiabá no dia 30 de dezembro de 2023. Porém, a investigação da GCCO apurou que, no mesmo momento, ele estava a quase dois mil quilômetros de Cuiabá, desfrutando de um fim de semana de lazer e luxo nas praias do litoral catarinense, onde passou a virada do ano e saltou de paraquedas. W.T e quatro comparsas viajaram ao sul do país em uma caminhonete Amarok, saindo de Cuiabá no dia 27 de dezembro e chegando ao Balneário Camboriú no dia 29, por volta das 11h.
Na cidade, permaneceram até o dia 1º de janeiro e depois retornaram a Cuiabá. "Todas as movimentações do investigado são feitas na certeza de que o sistema punitivo estatal é falho e, em vários momentos, inoperante", ressaltaram os delegados da GCCO, Gustavo Belão e Rafael Scatolon.
Fonte: Gazeta Digital