Laboratório alega falha humana em resultados errados de testes de HIV

Por Verdade na Hora em 15/10/2024 às 12:15:09

Um dos sócios do laboratório PCS Lab Saleme, Walter Viera, preso após pacientes terem sido infectados por HIV após transplantes no Rio de Janeiro, afirmou em depoimento à polĂ­cia que o resultado preliminar feito pela sindicância interna do laboratório aponta indĂ­cios de falha humana na transcrição dos resultados de dois testes de HIV.

O laboratório é investigado por ter emitido laudos que diziam que os dois doadores não tinham HIV, quanto na verdade eram positivos para o vĂ­rus. Isso levou à infecção por HIV de seis pessoas que receberam os órgãos.

Em nota divulgada nesta segunda-feira (14), o PCS Lab Saleme, que após o ocorrido abriu uma sindicância interna, diz que hĂĄ indĂ­cios de falha humana e afirma que não hĂĄ nenhum esquema criminoso para forjar resultados.

A nota diz que a defesa de Walter Viera e de Mateus Vieira, que também é sócio do laboratório, "repudia com veemĂȘncia a insinuação de que existiria um esquema criminoso para forjar laudos no laboratório, que atua no mercado desde 1969. A defesa confia que, após os esclarecimentos prestados por Walter, a Justiça entenderĂĄ desnecessĂĄrio mantĂȘ-lo preso", diz o texto.

O laboratório diz ainda que Matheus Vieira apresentou-se de maneira voluntĂĄria à polĂ­cia e foi liberado. "Ele assegurou às autoridades que irĂĄ depor quando sua defesa tiver acesso integral aos autos da investigação".

A nota também diz que Jacqueline Iris Bacellar de Assis, cuja assinatura aparece em um dos laudos, "apresentou documentação inidônea (diploma de biomédica e carteira profissional com habilitação em patologia), induzindo o laboratório a crer que ela tinha competĂȘncia para assinar laudos".

O advogado de Jacqueline foi procurado, mas não retornou o contato da AgĂȘncia Brasil até a publicação da reportagem.

O PCS Lab Saleme, ressaltou que, nos Ășltimos 12 meses, realizou mais de 3 milhões de exames e que, desde 1Âș de dezembro, quando começou a prestar serviços à Fundação SaĂșde do Governo do Estado do Rio de Janeiro, comprou pelo menos 900 testes para diagnóstico de HIV em amostras de sangue de doadores de órgãos, seguindo recomendação do Ministério da SaĂșde e da AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa).

O laboratório também reafirmou que darĂĄ o suporte necessĂĄrio às vĂ­timas "assim que tiver acesso oficial à identidade delas; e que estĂĄ à disposição das autoridades que investigam o caso".

Caso sem precedentes

O caso, sem precedentes, é considerado grave pela Secretaria de Estado de SaĂșde (SES) e pelo Ministério da SaĂșde. A PolĂ­cia Civil e Ministério PĂșblico do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) investigam as circunstâncias em que ocorreram as infecções.

A AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa), as Vigilâncias SanitĂĄrias estadual e municipal e o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da SaĂșde coordenam uma série de ações para investigar a infecção por HIV de pacientes transplantados no estado do Rio de Janeiro.

O PCS Lab Saleme foi interditado pela Vigilância SanitĂĄria local, com orientação técnica da Anvisa, até a conclusão das investigações, com foco na segurança dos transplantes. Novos exames pré-transplante estão sendo realizados no Hemorio.

O laboratório teve pelo menos trĂȘs contratos com a Fundação SaĂșde. A fundação, vinculada à Secretaria Estadual de SaĂșde, é responsĂĄvel por gerir as unidades da rede estadual. O laboratório tem, entre seus sócios, familiares do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), que foi secretĂĄrio estadual de SaĂșde de janeiro a setembro de 2023.

Em nota divulgada por sua assessoria na Ășltima sexta-feira (11), o parlamentar disse que quando era secretĂĄrio jamais participou da escolha deste ou de qualquer laboratório.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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