Em entrevista nessa quarta-feira (1º) o vereador Jeferson Siqueira (PSD) afirmou que foi o próprio prefeito Abilio Brunini (PL) quem o colocou como oposição à nova gestão da Prefeitura, na Câmara Municipal de Cuiabá. Após as eleições de 2024 e com as articulações para a eleição da Mesa Diretora da Casa de Leis, Abilio e Jeferson tiveram atritos, principalmente por causa de insinuações de que o parlamentar teria envolvimento com membros de facção criminosa. Jeferson disse que a interferência de Abilio na Câmara foi algo muito negativo para o parlamento.
"É muito grave o que aconteceu, toda a investida dos deputados Faissal e companhia, o próprio prefeito Abilio, as tratativas aconteceram, sucatearam já todos os cargos da Prefeitura (...). Foi muito ruim, eu acho que não é dessa forma, eu estou muito insatisfeito com o que aconteceu, pensei muito que o Abilio iria realmente ser aquele que representa a democracia no nosso município, infelizmente para mim foi uma grande decepção", disse o vereador.
Desde o início das conversas sobre a Mesa Diretora da Câmara nesta nova legislatura Abilio vinha declarando sua preferência por uma chapa 100% feminina. Neste meio tempo ele também fez acusações de que alguns vereadores eleitos, que inclusive tinham interesse na Mesa, teriam ligação com o Comando Vermelho. Nessa quarta-feira (1º) Abilio teve uma vitória com a eleição de uma Mesa Diretora composta apenas por vereadoras mulheres.
"Começo o ano com decepção, não pela derrota, pelo contrário, eu me sinto vitorioso até pelos ataques que sofri (...), e agora ele está dizendo que não disse nada, que não mencionou meu nome, é fácil falar depois de ter arquitetado tudo e chegado ao seu objetivo final", desabafou Jeferson.
Na época das articulações pré-eleição na Câmara, Abilio apontou a homenagem que um parlamentar deu a um membro de facção criminosa. Este vereador era Jeferson, que se explicou dizendo que não sabia da vida pregressa do homenageado, que apenas acatou a sugestão de sua comunidade ao oferecer a homenagem.
"Jogou a honra de uma família, a história de um vereador eleito duas vezes na capital, professor... cheguei até aqui trabalhando, com muita dificuldade, vim da periferia representando a grande maioria que muitas vezes no parlamento é a grande minoria, então eu me senti assim... dentro deste processo eu cresci muito no sentido de saber realmente quem eu sou, firmando os passos, não aceitando essas fake news que foram, durante todo esse processo de campanha presidencial, colocadas pela imprensa e pelo próprio Abilio".
O vereador disse que a disputa na Câmara foi desleal por causa destas interferências. O nome dele e o de Chico 2000 (PL) chegaram a surgir para a disputa, mas no fim das contas, apenas a chapa vencedora se inscreveu para a eleição.
"Quando você permite a interferência do Executivo é como se nós não tivéssemos capacidade para fazer uma gestão de uma eleição democrática do parlamento, que deve ser a maior referência, então eu acho que ficou muito feio para nós e principalmente para os colegas que aceitaram essa aberração que foi a interferência, desde o início, do prefeito Abilio".
Jeferson destacou que já tentou conversar com o novo prefeito, mas nenhuma tentativa foi aceita. O parlamentar afirmou que está aberto ao diálogo, mas disse que será oposição à atual gestão, sem atrapalhar o crescimento de Cuiabá.
"Quem me colocou na oposição foi o próprio Abilio, ficou claro quando ele disse "se o Jeferson for presidente eu não quero conversar com ele". Ele nunca me procurou para falar nada sobre Cuiabá, simplesmente para atacar. Na verdade ele me colocou numa posição que dificilmente eu vou conseguir dialogar com alguém que não quer diálogo. Eu procurei, fiz todas as tentativas de a gente ter uma fala consciente de respeitar o parlamento, cada um na sua devida atribuição de trabalho, infelizmente ele não aceitou (...). Eu acho que oposição no campo das ideias a gente vai ter muito enfrentamento, agora se for pra Cuiabá crescer, desenvolver, gerar empregos, gerar renda eu estou junto".
Fonte: gazetadigital