Joilson James Queiroz, apontado como o mandante da "Chacina da Fazenda São João", propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, em 2004, foi condenado pelo Tribunal do Júri de Várzea Grande a 46 anos de prisão. O julgamento foi concluído na madrugada desta terça-feira (6) para quarta (7). Ele não poderá recorrer em liberdade, pois o juiz considerou o risco de que fuja para a Bolívia, que segundo ele é conhecida como "terra sem lei".
A Justiça pronunciou Joilson pelos homicídios de Pedro Francisco da Silva, José Ferreira de Almeida e Areli Manoel de Oliveira ocorridos em março de 2004 em uma propriedade rural em Várzea Grande.
Ele ficou 18 anos foragido e foi preso em março de 2022 na cidade de Rio Branco (AC). O Conselho de Sentença o condenou na sessão que terminou por volta de 00h15 de hoje (7). A pena foi definida em 46 anos de prisão em regime fechado.
Ao decidir se Joilson poderia recorrer em liberdade, contra a sentença, o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira pontuou que ele morava em um município no Acre que faz divisa com a Bolívia, sendo este um fator de risco para fuga.
"Pátria essa que infelizmente é conhecida por abrigar diversos foragidos de inúmeras nações, justamente pela alta corrupção da polícia e autoridades daquele País, não por acaso até hoje centenas de réus brasileiros lá se encontram residindo sem serem incomodados pelas autoridades e várias cidades daquele País são conhecidas como "terra sem lei". Aliado a isso o reduzido e muitas vezes o escasso policiamento para patrulhar referida área fronteiriça, facilitará nova evasão do denunciado".
Pontuou também que o condenado estava foragido desde o ano de 2004, até ser preso em 2022, sendo que na ocasião teria se apresentado com o nome de seu irmão, ou seja, na tentativa de escapar da Justiça.
"Este magistrado, na data em que aconteceu essa chacina, sequer tinha ingressado na carreira da magistratura, estava recém saído dos bancos da faculdade, ou seja, foram quase duas décadas da data dos fatos até sua captura e se não bastasse o próprio réu em interrogatório em plenário na data de hoje afirmou que estava foragido e aguardando que o crime prescrevesse para poder voltar ao território mato-grossense", disse o magistrado ao negar a Joilson o direito de recorrer em liberdade.
Chacina da Fazenda São João
A chacina ocorreu em março de 2004, na fazenda São João, localizada às margens da BR-163, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande.
A Polícia Civil identificou 8 envolvidos no crime, todos funcionários da propriedade, que foram indiciados por homicídio qualificado (cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa), ocultação de cadáver e formação de quadrilha. O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça ainda em 2004.
As vítimas fatais foram Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira. Uma vítima foi morta por disparo de arma de foto e três delas foram amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento. Depois de mortas, as vítimas tiveram os corpos jogados em uma área à margem da estrada da localidade de Capão das Antas, em diferentes pontos, a fim de dificultar o trabalho investigativo da polícia.