Deputados estaduais denunciam atuação do CRM em Mato Grosso

Por Verdade na Hora em 22/02/2024 às 11:23:37

O deputado estadual Fábio Tardin, o Fabinho (PSB), usou a tribuna da Assembleia Legislativa (ALMT) nesta quarta-feira (21.02) para denunciar o que, segundo ele, seria uma perseguição por parte do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) quanto à contratação de uma empresa para atender na Santa Casa de Rondonópolis. Ele foi o segundo parlamentar a criticar a atuação da entidade, que já foi alvo de cobranças do deputado estadual Max Russi (PSB).

Na tribuna, o deputado Fábio Tardin disse que recebeu uma denúncia sobre o caso. Segundo ele, a atual empresa contratada para atender na Santa Casa de Rondonópolis já realizou mais de 340 cirurgias em 12 dias de trabalho.

"Está acontecendo, está melhorando a vida da população. Vem o CRM perseguindo esta empresa que lá está fazendo o serviço. Serviço esse adequado. Imagine, mais de 300 cirurgias sem ter uma intercorrência. É serviço de qualidade que a população ganha. Nós temos que olhar isso, principalmente nós aqui dessa Casa de Leis, porque não podemos ficar fazendo politicagem com vidas", afirmou Fabinho.

De acordo com o deputado estadual, um paciente ligou relatando que seguia para fazer uma cirurgia, mas não foi atendido. "Estão brincando com a vida das pessoas, daqueles que mais necessitam, que ficam lá seis, sete, oito meses, um ano aguardando a tão sonhada cirurgia. É preocupante quando recebo uma ligação da pessoa falar que estava indo para ser operada, chega lá não é atendida, porque outra empresa que estava lá não fazia o serviço e agora fica com denúncias caluniosas. Não podemos aceitar isso".

O primeiro a denunciar a atuação do CRM-MT foi o deputado Max Russi, que na sessão do dia 7 de fevereiro chegou a sugerir uma possível máfia por parte da entidade. Segundo o parlamentar, o conselho tentou derrubar um contrato da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) com o Consórcio Regional de Saúde (Coress/MT).

"O governo lançou uma tabela de preços, tentou contratar os profissionais de lá na região. Ninguém quis fazer pelo preço da tabela. Aí uma empresa de Cuiabá aceitou fazer o serviço. Entraram lá, estavam resolvendo a questão, fazendo as cirurgias da fila e atendendo a população. O Conselho Regional de Medicina chama a Santa a Casa e fala o seguinte: que não pode continuar e que tem que pagar uma dívida com os profissionais da região", detalhou o parlaDe acordo com o deputado estadual, o Ministério Público se manifestou pela continuidade do contrato para realização das cirurgias, mesmo após a interferência do CRM-MT. "Estamos atrasados na nossa região e por que isso está acontecendo? Porque existe uma máfia que quer fazer as cirurgias no particular, ganhando dinheiro. Cobram R$ 800 mil numa liminar para fazerem essas cirurgias. Então não quer que o sistema dê certo e a população seja atendida", declarou Russi, na tribuna.

Além dos deputados estaduais, a vereadora Marildes Ferreira (PSB), presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Rondonópolis também fez denúncia contra o CRM-MT. Segundo a parlamentar, o conselho estaria agindo a favor de um grupo médico e propôs um suposto "boicote" ao convênio.

Pedido de afastamento

No dia 16 deste mês o presidente do CRM-MT, Diogo Sampaio, ingressou com representação junto ao Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal, Tribunal de Contas da União (TCU) e Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) e Ministério Público Estadual (MPE) apontando indícios de irregularidades na gestão de recursos públicos da saúde administrados pela Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis. "Nossa intenção é investigar onde foram gastos os recursos públicos recebido pela Santa Casa para pagamento aos médicos, que estão sem receber há cinco meses".

O pedido incluiu também a regularização dos pagamentos devido aos médicos; o afastamento das empresas que estão substituindo de forma irregular os médicos do corpo clínico; a prestação de contas da aplicação dos recursos públicos recebidos pela Santa Casa; e o afastamento da atual direção da unidade de saúde.

"Recebemos informação de que os recebimentos da entidade estão ocorrendo, com a maior parte dos recursos já devidamente pagos, e mesmo assim a Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis está há cinco meses sem pagar os médicos daquela unidade de saúde, conforme denúncias e relatos encaminhados ao Conselho. A dívida com os médicos já chega à casa dos R$ 12 milhões", afirmou omentar.De acordo com o CRM-MT, ao invés de pagar os profissionais, a Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis optou por contratar a empresa CBS Serviços Médicos LTDA para substituí-los, transferindo as atividades e pacientes para empresa.

Além do pedido de afastamento, após as declarações do deputado estadual Max Russi, o CRM-MT se posicionou por meio de nota. Confira a íntegra:

Para defender empresa irregular, deputado opta por atacar médicos sem salários há cinco meses

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) esclarece e manifesta sua posição diante das recentes declarações do deputado Max Russi em relação à situação dos médicos em Rondonópolis.

O CRM-MT observa com preocupação a postura do deputado, que escolheu advogar em favor de uma empresa que, segundo nossas avaliações, atua de forma questionável do ponto de vista ético. Lamentavelmente, o parlamentar optou por atacar os profissionais de saúde locais, que enfrentam um período prolongado sem receber seus salários.

É com pesar que o Conselho recorda que, durante a pandemia da Covid-19, o mesmo deputado foi à tribuna para enaltecer os profissionais de saúde como heróis. No entanto, causa surpresa e consternação o fato de que, hoje, ele ignore completamente a difícil realidade desses mesmos heróis, que estão há cinco meses sem remuneração.

O Conselho reafirma seu compromisso com a defesa da ética e da qualidade no atendimento à população. Acreditamos que os desafios na área da saúde devem ser abordados com base em soluções estruturadas, distanciadas de questões políticas pontuais.

Em relação aos comentários do deputado Russi, repudiamos o uso de termos que desqualificam os médicos, considerando-os mercenários. Os profissionais em questão têm demonstrado dedicação e comprometimento, mesmo diante das dificuldades financeiras.

O CRM-MT coloca-se à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas e detalhes sobre a situação em Rondonópolis. Destacamos que a questão será tratada no âmbito do Poder Judiciário, assegurando a imparcialidade necessária na

Fonte: GAZETA DIGITAL

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