A ex-secretária-adjunta de Unidades Especializadas da Secretaria de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), Carolina Campos Dobes Conturbia Neves, afirmou em depoimento à Polícia Federal que "quem assina é o secretário de Saúde". Carolina, servidora concursada, foi um dos alvos da Operação Panaceia, deflagrada na última sexta-feira (6).
O depoimento, prestado de forma voluntária ao delegado Irineu Dias Tavares, ocorreu por videoconferência nesta segunda-feira (9), com a presença de seu advogado, Ricardo Monteiro. Carolina explicou que suas atribuições estavam voltadas à gestão hospitalar e que sua atuação era segmentada.
"Eu recebia as solicitações, mas não fazia levantamento de preços nem participava de processos licitatórios. As demandas chegavam como protocolo e eram encaminhadas à Secretaria Adjunta de Aquisição e Finanças", detalhou.
Ela justificou que seu nome apareceu em documentos relacionados ao ex-diretor regional de Cáceres, Onair Azevedo Nogueira, preso durante a operação, porque todos os protocolos passavam por sua subsecretaria antes de serem encaminhados às áreas responsáveis e, por fim, ao secretário de Saúde, a quem cabia a assinatura final. O advogado Ricardo Monteiro comparou o caso à Operação Espelho, que investigou fraudes e desvios em contratos médicos no Hospital Metropolitano, em Várzea Grande.
"Naquela ocasião, ficou comprovado que Carolina não assinava nem tinha poder de decisão. O juiz Jean Garcia, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, rejeitou a denúncia e encaminhou o caso à Justiça Federal, onde o juiz Jefferson Schneider reconheceu que ela não possuía autoridade para assinar ou decidir", afirmou.
Carolina, afastada do cargo por determinação judicial, revelou que recebeu uma ligação do atual secretário de Saúde na última sexta-feira (6), pedindo que ela renunciasse. Segundo Carolina, ele alegou que, após uma reunião com o governador, a situação estava gerando desgaste político ao governo. No mesmo dia, Carolina foi exonerada a pedido, com publicação em uma edição extra do Diário Oficial do Estado.
Durante a operação, o diretor do Hospital Regional de Cáceres, Onair Nogueira, foi preso. Além disso, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão, dois afastamentos de servidores públicos e o bloqueio de R$ 5,5 milhões das contas de 12 investigados pela Justiça.
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