O ano de 2024 foi marcado por uma tragédia envolvendo o aluno Lucas Veloso Peres, de 27 anos, que perdeu a vida durante um treinamento para se tornar soldado do Corpo de Bombeiros. A fatalidade ocorreu em fevereiro, na Lagoa Trevisan, localizada em Cuiabá.
Lucas Veloso era natural de Caiapônia, Goiás, e havia se mudado para Mato Grosso com o objetivo de ingressar na corporação. Formado em Engenharia Mecânica, ele tinha um grande interesse por atividades físicas, como ciclismo, caminhadas de mais de 20 quilômetros e rapel em cachoeiras de mais de 50 metros de altura.
Sua morte trouxe à tona mais uma vez as questões sobre a segurança e a pressão nos treinamentos do Corpo de Bombeiros, uma instituição que já enfrentou casos de mortes durante atividades de formação. Durante o treinamento de salvamento aquático, Veloso começou a passar mal, relatando falta de ar antes de submergir na água.
O exame de necropsia realizado pela Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) confirmou que a causa do falecimento foi asfixia por afogamento. A investigação policial, que foi concluída em maio de 2024, revelou indícios de crime na morte do jovem. Como resultado, o soldado Daniel Alves Moura Silva foi indiciado por homicídio doloso, enquanto o soldado Kayk Gomes dos Santos foi indiciado por maus-tratos. A última audiência do caso aconteceu em 11 de novembro, onde um aluno soldado prestou depoimento, confirmando que havia pressão sobre os estudantes com dificuldades, e revelou que, durante o treinamento, o capitão Daniel teria afirmado que "não tinha medo de perder a farda".
Até o momento, o caso ainda não foi julgado, e os réus deverão prestar novos depoimentos em fevereiro de 2025.
Decreto Estadual
A morte de Lucas Veloso resultou em uma importante mudança nas normas de segurança dos treinamentos de forças de segurança no Estado de Mato Grosso. Em 15 de março, o governador Mauro Mendes assinou um decreto que exige a gravação de todos os treinamentos realizados pelas forças de segurança. A medida visa aumentar a transparência e garantir que situações como a de Veloso não se repitam.
Detalhes do Caso
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o capitão Daniel Alves foi o responsável pela coordenação da atividade de salvamento aquático, com o soldado Kayk Gomes dos Santos atuando como monitor. A atividade envolvia uma corrida de aproximadamente 1 quilômetro seguida de uma travessia a nado no lago. Para a travessia, os alunos deveriam usar flutuadores do tipo Life Belt, sendo que, em cada dupla, um deles deveria carregar o equipamento.
Lucas Veloso ficou responsável por levar o flutuador. Após percorrer cerca de 100 metros nadando, o aluno começou a passar mal, apresentando dificuldades para flutuar. Ele fez uma pausa, utilizando o Life Belt para se recompor. No entanto, desconsiderando o seu estado de exaustão, o capitão Daniel determinou que ele soltasse o flutuador e continuasse nadando. Mesmo com dificuldades, Lucas tentou seguir as instruções, mas o capitão insistiu e fez ameaças, obrigando-o a soltar o equipamento. Durante a atividade, Lucas engoliu água e sofreu uma parada cardiorrespiratória, falecendo no local.
Este trágico incidente expõe as condições e a pressão que os alunos enfrentam durante o treinamento, levantando questionamentos sobre a responsabilidade da corporação na segurança e bem-estar dos participantes. O caso continua a ser investigado, e as autoridades buscam esclarecer todos os aspectos relacionados à morte de Lucas Veloso.
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