Em Cuiabá, a rede pública de ensino enfrenta um déficit de cerca de 4 mil vagas, o que significa que aproximadamente 4 mil crianças estão fora das creches, Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e escolas municipais. No entanto, em meio a essa grave situação de falta de acesso à educação, o vereador Rafael Ranalli (PL) tem demonstrado mais preocupação com a participação de crianças e adolescentes na Parada da Diversidade da cidade do que com a real necessidade das famílias em relação à educação básica. Ranalli, conhecido por sua defesa das "liberdades individuais", apresentou um projeto de lei que visa proibir menores de 18 anos de participarem do evento, impondo multas de até R$ 5 mil aos pais que permitirem a presença de seus filhos e de até R$ 10 mil aos organizadores do evento.
O projeto do vereador justifica essa proposta com a alegação de que a Parada da Diversidade pode expor os jovens a situações indesejáveis, como nudez, consumo de bebidas alcoólicas e até mesmo um "perigo" para a formação moral das crianças e adolescentes. No entanto, o que causa estranheza é que o mesmo vereador, que se diz preocupado com a "formação moral" dos menores, não apresentou qualquer projeto ou diálogo com a comunidade para minimizar o impacto da falta de acesso à educação pública em Cuiabá, um problema que afeta diretamente milhares de famílias na cidade.
Entidades e movimentos sociais ligados à defesa dos direitos humanos já se manifestaram contra o projeto, apontando que ele, na realidade, não passa de uma tentativa de reforçar e perpetuar a homofobia, a transfobia e a exclusão social. Ao invés de focar no real problema da falta de vagas nas escolas, o vereador escolhe criar uma narrativa que visa estigmatizar um evento que, ao contrário do que ele sugere, é uma manifestação de inclusão, respeito e visibilidade para a comunidade LGBTQIA+. Para muitos, esse tipo de projeto é visto como um desvio de atenção das questões realmente urgentes, como a educação de qualidade para todos.
Fonte: Gazeta digital