Apesar das obras estarem paralisadas e de um cenário de incertezas e tentativas de negociação, os impactos do BRT no trânsito de Cuiabá continuam a se expandir e devem atingir outras vias importantes da cidade, como as avenidas Fernando Corrêa e Tenente Coronel Duarte (Prainha), quando a obra for retomada. Com 35 quilômetros de extensão — sendo 8,9 km em Várzea Grande e 26 km em Cuiabá —, a obra do BRT foi dividida em cinco fases, mas até o momento, apenas duas foram iniciadas e nenhuma concluída. Em janeiro de 2025, o progresso nessas frentes somava apenas 20% do total da obra.
A primeira fase das obras começou em Várzea Grande, onde os trabalhos estão avançados, mas ainda não entregues. Na segunda fase, a execução do trecho da avenida Rubens de Mendonça (CPA), em Cuiabá, teve início em janeiro de 2024 e é onde as obras estão estagnadas, próximo ao Viaduto da Miguel Sutil/CPA e à sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea).
Embora as duas primeiras frentes já causem grandes transtornos no trânsito, as fases mais desafiadoras começam a partir da terceira, que abrange as avenidas Fernando Corrêa e Coronel Escolástico. A quarta fase afetará a Prainha e a 15 de Novembro, e, por fim, a fase final impactará o centro de Cuiabá. Essas etapas devem gerar ainda mais dificuldades para o trânsito na cidade. O doutor em Engenharia de Trânsito, Luiz Miguel de Miranda, explica que vias como Fernando Corrêa e Prainha exigirão muito mais planejamento e preparo das empresas envolvidas.
"Posso afirmar que essas avenidas serão mais complexas do que as da avenida CPA, por exemplo", afirmou.
Prainha
A Prainha apresenta desafios específicos para a implantação do BRT devido à presença do córrego subterrâneo em seu canteiro central e problemas de drenagem. O professor explica que o maior problema está no sistema de drenagem atual, que possui mais de 40 anos, está desgastado, insuficiente e subdimensionado. No Relatório de Transportes, que integra os estudos e anteprojetos do BRT, o problema foi identificado e, além disso, o relatório aponta que o sistema de drenagem é deficitário não só no canal, mas também nos bairros que o alimentam.
Para resolver essa problemática histórica, o relatório aponta a necessidade de atuação conjunta em toda a bacia que envolve bairros e ruas, o que vai além da área de atuação da obra do Sistema BRT. Na Prainha, ainda será necessário realizar o reforço do canal.
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