Servidores da Secretaria do Estado de Segurança Pública (Sesp) estão entre os que mais solicitam licenças médicas e entre os principais motivos estão questões relacionadas à saúde mental, como ansiedade, depressão e ataques de pânico. Dados da Gerência de Informação em Saúde do Servidor, da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), indicam que entre 2019 e 2024 os profissionais de carreira militar ficaram na segunda colocação de pedidos de afastamentos, abaixo apenas dos profissionais da educação.
O Ouvidor-Geral de Polícia, Teobaldo Witter, explica que os policiais estão muito estressados, vivendo uma grande tensão com a crescente violência no Estado e acredita que os dados estão subnotificados. O estado se dá conta disso porque tem as licenças médicas, assim como os suicídios e a violência policial, inclusive entre os policiais, mas o estado não está dando conta de tratar esse assunto. Tem na Sesp o programa de apoio à saúde mental, mas é muito frágil, porque não atende a demanda, deveria ser mais possante.
Witter acrescenta que os próprios gestores precisam entender o problema e enfrentá-lo, evitando pressões nos policiais. Ele ainda comenta que há um senso comum na tropa de que problemas com saúde mental são fraquezas. Eles não querem falar porque não querem dizer que estão fracos, mas que estão fortes e vão até estourar. É uma questão da própria cultura, mas também da exigência que se impõe no trabalho. O sistema não ajuda para que eles possam falar o que sentem. Os dados são uma subnotificação, porque um suicídio ou matar o colega é um problema que não foi cuidado e, muitas, vezes não foi cuidado porque a pressão não permitiu que eles se abrissem.
Teobaldo Witter acredita que uma das formas de reverter a taxa de adoecimento é o aumento de efetivo, com concurso público. Ele defende que Sesp realize um estudo que identifique a motivação das urgências médicas, para conseguir tratar o problema.
Witter acrescenta que a pasta precisa promover debates e estudos sobre a saúde mental na segurança pública e ampliar as equipes de atendimento psicossocial em todas as regiões. Eu sei que o estado está interessado em outras coisas, mas essa parte da saúde dos servidores é fundamental para o sucesso de qualquer trabalho. O estado deve priorizar essa parte.
Fonte: gazetadigital