A polêmica novela do extinto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), planejado para o Copa do Mundo de 2014, e que nunca foi concluído, se transformou na polêmica do BRT (Ônibus de Rápido Transporte), que o governador Mauro Mendes (União) decidiu implementar para substituir o modal antigo, ainda em dezembro de 2020.
O governo anunciou o vencedor da licitação em março de 2022, e em junho do mesmo ano assinou a ordem de serviço para o início das obras em junho do mesmo ano. E após várias brigas na justiça com a prefeitura de Cuiabá, conseguiu iniciar as obras na capital, já que em Várzea Grande já havia iniciado em 21 de abril deste ano, ou seja, quase 2 anos depois da assinatura da ordem de serviço.
Em meio ao avanço lento das obras do BRT, o governador Mauro Mendes conseguiu vender os vagões do VLT para o Estado da Bahia pelo montante de quase R$ 1 bilhão em 4 parcelas anuais até 2027. Conforme o acordo, Mato Grosso receberá R$ 820 milhões para a venda de 40 composições de trens, com sete vagões cada, totalizando 280 vagões.
Apesar do valor, o governo do Estado usará o que arrecadou com a venda para algumas obrigações, como usar cerca de R$ 100 milhões para aquisição de equipamentos, como trilhos, catenárias, cabos, subestações e outros insumos necessários para a estrutura. Isso porque o governo do Estado acabou retirando toda essa estrutura quando começou construir as obras do BRT (Ônibus de Rápido Transporte). O governo também deve pagar ao Consórcio VLT e a CAF Brasil cerca de R$ 200 milhões em ressarcimento após a venda dos 280 vagões do VLT.
A venda dos vagões ao governo da Bahia foi concretizada no dia 19 de junho. Mato Grosso irá receber o valor líquido, pelo material, pagos em 4 parcelas anuais pelo Executivo baiano. O primeiro pagamento será feito até o fim deste ano e "lucro" será destinado para obra do BRT.
BRT pautou a eleição
O BRT também foi alvo de polêmica e acabou pautando as eleições municipais em Cuiabá. Isso porque o deputado estadual Lúdio Cabral (PT) apresentou em julho um projeto de Lei que obriga a realização de licitação para a concessão do BRT com a tarifa a R$ 1 real por 5 anos.
O pedido ocorreu de maneira emergencial. O deputado chegou a conseguir as assinaturas, porém, após articulação do presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (União), os parlamentares acabaram retirando as assinaturas. Durante a votação acalorada, Botelho chegou a agredir Lúdio, o empurrando e o xingando. Um dia depois, Lúdio revelou em coletiva Termo Aditivo no contrato de concessão do transporte publico intermunicipal entre Cuiabá e Várzea Grande. Tal citação prevê a possibilidade de manutenção da gestão do modal pelas empresas atuais que atuam no transporte público de Cuiabá e Várzea Grande.
Fato que beneficia a família do chefe do Legislativo estadual, Eduardo Botelho, já que ela é dona da empresa que realiza o transporte intermunicipal de Cuiabá e Várzea Grande. Após a polêmica, o governador reconheceu que o aditivo que concederia veículos do BRT, comprados com dinheiro público, as concessionárias privadas de transporte urbano de Cuiabá e Várzea Grande, tem interpretação dúbia.
Por meio de nota, anunciou que cancelará o termo e exigirá a realização de licitação para "entregar" os ônibus especiais do BRT. A decisão ocorreu em julho, nas vésperas das eleições.
Obras
A previsão é que as obras do BRT que tem causado transtorno no trânsito da capital, deva durar até pelo menos janeiro de 2026. Isso porque a previsão do governo do Estado é que as obras do Complexo Leblon, na avenida Miguel Sutil, que tem prazo de 18 meses, sejam finalizadas apenas no início de 2026.
Já as obras do BRT, no trecho em que está na avenida do CPA, devem ser finalizadas ainda em dezembro deste ano, mas como um todo a implantação deve ser concluída apenas no final de 2025. Até lá, os motoristas ainda enfrentarão uma série de interdições, como a já prevista para a rotatória do bairro Jardim Leblon, na obra do complexo, e na avenida Prainha com o BRT.
Fonte: gazetadigital