De brincadeira despretensiosa a um negócio que hoje gera emprego e renda para diversas famílias no norte do país. É assim que a empreendedora Maria Edivângela da Silva, de Palmas (TO), descreve a trajetória da Carne de Jaca — startup tocantinense que vende produtos à base da fruta e que está prestes a entrar no mercado internacional. Confira nova matéria da série de reportagens Histórias Exportadoras, que relatam as caminhadas inspiradoras de empresários brasileiros que decidiram exportar seus produtos.
A então servidora pública e o ex-marido — inconformados com as jacas que amadureciam e acabavam virando lixo no quintal de casa — resolveram fazer daquele problema um produto.
"A Carne de Jaca surgiu como uma brincadeira. A gente tinha jaca no quintal e dava jaca para os amigos de perto, de longe, até para os inimigos, mas as jacas não acabavam. De repente, a gente percebeu que podíamos transformar as jacas que viravam lixo no nosso quintal em um produto muito bem aceito no mercado de veganos e vegetarianos", lembra.
A brincadeira virou coisa séria. Sem saber como precificar o novo produto e contando apenas com uma rede de clientes que se resumia a amigos e conhecidos, Maria Edivângela conta que buscou conhecimento sobre gestão empresarial — e aprendeu a transformar a polpa da jaca em um tipo de carne vegetal.
A startup deixou o quintal da empreendedora e agora gera emprego e renda para outros lares. "A partir da consolidação do produto no mercado, nós fomos construindo uma lista de produtores que têm jaqueiras em seus quintais. A gente gera renda para a nossa família e para as famílias no nosso entorno. Queremos ampliar mais isso, porque a gente sabe que a carne de jaca é um negócio de impacto social e ambiental", projeta.
De olho em um mercado vegetariano e vegano que cresce a cada ano, a empresária conta que conheceu o programa de Qualificação para Exportação (Peiex) da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Participar do treinamento fez a diferença.
"O mercado lá fora cresce mais rápido. Com vistas nisso, eu conheci a Apex através de uma aceleração de negócios do Inova Amazônia, que é do Sebrae, e a partir de lá eu fiz o Peiex e fui me constituindo e criando capital intelectual que pudesse me trazer conhecimento suficiente para eu me organizar para exportar", lembra.
Depois, a empreendedora se inscreveu no Elas Exportam, programa desenvolvido pela ApexBrasil, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços, cujo objetivo é aumentar a participação de empresas lideradas por mulheres no comércio exterior.
Ela diz que a exportação deixou de ser um sonho e se tornou possível após participar das iniciativas da Apex, que ela classifica como um "divisor de águas" para a história da Carne de Jaca.
"A ideia de exportar carne de jaca veio quando a gente percebeu que tinha condições de adquirir conhecimentos por meio da Apex. Caímos de cara no estudo, na pesquisa e no desenvolvimento do produto com vistas à exportação e, assim, os nossos planos de levar Carne de Jaca para o mundo vêm se consolidando. Com todo o suporte teórico e prático da Apex, nós vimos as nossas portas se abrirem para o mercado internacional", pontua Maria Edivângela.
Presente em todas as regiões do país, o Peiex orienta os empresários que desejam exportar seus produtos. Os interessados podem entrar em contato com os respectivos núcleos operacionais da ApexBrasil em cada estado do país e assinar um termo de adesão ao programa.
O atendimento às empresas por meio do programa é gratuito. Basta ao empresário estar disposto a dedicar tempo e a investir na melhoria do seu negócio. O diagnóstico do que a empresa precisa melhorar para acessar o mercado exterior dura aproximadamente 38 horas. O empreendedor recebe um plano de exportação com orientações para internacionalizar sua marca.
Nos anos de 2023 e 2024, o Peiex atendeu 6.213 empresas. Dessas, 1086 empresas exportaram, no período, US$ 3.27 bilhões.
Para mais informações, acesse: www.apexbrasil.com.br.
Criado em junho do ano passado pela ApexBrasil, o Mulheres e Negócios Internacionais inspira, promove, qualifica, apoia e potencializa as empresas brasileiras de liderança feminina.
Entre as atividades previstas pelo programa estão ações de inteligência de mercado, capacitação, promoção comercial e atração de investimentos estrangeiros para empresas lideradas por mulheres.
Em um ano de programa, a ApexBrasil promoveu mais de 30 ações, que resultaram em um crescimento de 33,4% no número de empresas apoiadas e na chegada de mais de 70 parceiros.
Fonte: Brasil 61