Mato Grosso registra crescimento de 28,5% na taxa de mortes violentas intencionais entre 2021 e 2023, o maior dentre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, e o cenário adquire características de crise política, conforme aponta estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cartografias da Violência na Amazônia, divulgado nesta terça-feira (11). Entre os novos dados, está a confirmação da existência da quarta facção criminosa instalada em Mato Grosso, denominada Bonde dos 40. O Comando Vermelho (CV) mantém a hegemonia e ainda existe o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a Tropa do Castelar.
O estudo indica que é mais perigoso viver na Amazônia do que em outras regiões do país. Em 2023, as mortes violentas intencionais vitimaram 8.603 pessoas na Amazônia Legal, com uma taxa de 32,3 a cada 100 mil habitantes. Esse número é 41,5% maior do que a taxa brasileira, de 22,8 a cada 100 mil habitantes.
A taxa mais alta de mortes violentas intencionais de 2023 está no Amapá, com 69,9 vítimas a cada 100 mil habitantes. Em seguida, Mato Grosso aparece com 31,7 vítimas a cada 100 mil habitantes. Foram 1.159 mortes violentas no Estado, apenas no ano passado.
Apesar de avaliar os dados de 2021 a 2023, o estudo aponta desdobramentos recentes, como a troca de comando da Polícia Militar no final de novembro. Destaca ainda a operação Simulacrum, que em 2022 prendeu mais de 60 policiais militares acusados de integrar um grupo de extermínio. Em junho deste ano, 69 viraram réus. E aponta que, em 26 de novembro de 2024, enquanto o relatório do estudo era escrito, a Operação Sisamnes levou a Polícia Federal a cumprir mandados contra dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso suspeitos de participar de um esquema de venda de sentenças judiciais
O governo do estado tem sido muito pressionado no debate público e por uma percepção do crescimento da sensação de insegurança em diversas regiões do estado, afirma o estudo.
Como ação de enfrentamento, o estudo cita o lançamento, no final de novembro, do programa Tolerância Zero ao Crime Organizado, com destaque para a recriação da Secretaria de Justiça, com responsabilidade de administrar os presídios e o sistema socioeducativo, e a criação de um Comitê Integrado de Combate ao Crime Organizado, com participação de diversos órgãos do executivo, além de MP, TJ e Defensoria e OAB.
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