O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), reagiu com indignação após o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) divulgar uma nota sobre a morte de uma paciente que teria ocorrido poucas horas após atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro Tijucal, na capital. Abílio afirmou que foi alvo de "fake news" e que está sendo vítima de uma "narrativa distorcida", em referência ao comunicado do CRM, e acrescentou que está sendo alvo de tentativas de manipulação da realidade. Apesar das críticas, o prefeito garantiu que não busca uma guerra com o CRM ou qualquer outra entidade médica.
Nas últimas semanas, o CRM-MT e o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT) haviam feito duras críticas à gestão de Abílio, principalmente após a decisão do prefeito de permitir atendimentos de demanda espontânea nas UBSs de Cuiabá. Os dois órgãos alertaram que essas unidades não possuem estrutura adequada para atender casos de urgência. Em resposta, o prefeito ressaltou que a orientação do Ministério da Saúde é clara: os postos de saúde devem atender pacientes com problemas de menor urgência, o que inclui casos simples, mas que não podem ser ignorados.
O CRM-MT, por sua vez, afirmou que os profissionais de saúde envolvidos no atendimento da paciente que faleceu relataram a falta de equipamentos e insumos necessários para realizar um atendimento adequado. O presidente do CRM, Diogo Sampaio, criticou a gestão, chamando a situação de "caótica" e alegando que a "solução mágica" proposta pela prefeitura gerou graves problemas. "Não vamos esperar outra pessoa morrer para tomarmos providências. A sindicância vai apurar as responsabilidades neste episódio", afirmou Sampaio.
Em coletiva de imprensa na última sexta-feira (31), o prefeito Abílio rebateu as acusações do CRM, detalhando a sequência de eventos. Ele explicou que a paciente foi inicialmente atendida na UPA de Cuiabá, depois na UBS do Tijucal e, em seguida, encaminhada ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) pelo Samu. Abílio afirmou que a paciente ficou internada na UTI do HMC por 24 horas antes de falecer. "Não sei quem orientou o CRM a divulgar essa informação, mas a paciente morreu no Hospital Municipal, não na UBS", afirmou o prefeito.
Abílio também anunciou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) abriria uma investigação sobre o caso e se mostrou aberto a colaborar com qualquer apuração do CRM. "Estamos enfrentando uma narrativa distorcida. Entendemos a dor da família e nos solidarizamos com ela, mas precisamos esclarecer os fatos", disse, destacando que a paciente não morreu na UBS, como havia sido informado inicialmente.
O prefeito também criticou a disseminação de informações falsas, que, segundo ele, podem gerar receio nas pessoas que necessitam de atendimento médico nas UBSs. "Essas mentiras criam um caos, prejudicando a confiança da população no sistema de saúde", afirmou. Ele ainda defendeu a implementação do atendimento de baixa complexidade nas UBSs, conforme diretrizes do Ministério da Saúde, e pediu que as críticas sejam construtivas, sem recorrer à desinformação.
Abílio finalizou sua fala destacando que o município enfrenta um "dilema cultural" no atendimento nas Unidades Básicas de Saúde e nas UPAs, especialmente no que diz respeito ao manejo entre diferentes métodos e procedimentos. "Esse tipo de distorção da realidade só atrapalha o relacionamento entre a gestão pública e a sociedade, criando uma tensão desnecessária", afirmou o prefeito, que reiterou que seu objetivo não é entrar em confronto com nenhuma entidade, mas sim trabalhar de forma transparente e eficiente para melhorar a saúde pública de Cuiabá.
Apesar das críticas e divergências, Abílio deixou claro que não pretende alimentar uma guerra institucional, mas que está comprometido em garantir a melhor assistência à população, com o devido esclarecimento dos fatos e das responsabilidades.
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